domingo, 8 de fevereiro de 2009

Cruzando o bosque entre os dois mundos

Bom dia/Boa tarde/Boa noite, meus leitores. Qual não foi minha surpresa quando, pela última vez que acessei meu blog, encontrei uma amiguinha que mostrou a cara nele. Seja bemvinda, Joana. Prometo fazer de tudo para não decepcioná-la. Mas aí pode chegar alguém e perguntar: “Mas e nós?”. Bom, meus amiguinhos desconhecidos, isso vale para vocês também. Só estou falando dessa mocinha aí porque ela anda inventando umas coisas em uma certa comunidade do Orkut por aí que estou adorando. Pra você ver: Ano passado ela inventou de escrever uma história (uma fanfic) de Nárnia tendo como personagens alguns membros da comunidade As Crônicas de Nárnia (onde ela e eu participamos, com muito gosto) e no fim do ano ela inventou de fazer um vídeo mostrando o rostinho lindo e falando um pouco dela. Pois bem, a fanfic virou mania e muitos pegaram carona na idéia dela para escrever as continuações e sobre o vídeo, eu e mais alguns também fizeram. Para completar, nesse ano, ela inventou de homenagear um coleguinha que aniversariou recentemente presenteando-o com uma história. Como não podia deixar de ser, também virou mania e muitos colocaram os dedos nos teclados para contar as versões deles. É simplesmente fantástico. Cada um escreve tão bem quanto ao outro. Por isso eu a reverencio. *tapete vermelho para ela, gente...*
Pegando carona no assunto, queria aguardar um outro momento para falar de Nárnia e dessa comunidade no Orkut, mas, este é o ideal. Ideal porque hoje mesmo estou homenageando essa comunidade criando outro blog para postar algumas histórias que escrevo. (o blog é aqui, ó) Não era a minha intenção quando estava escrevendo. Mas no fim das contas, percebi que a história, graças ao legado fantástico de C.S.Lewis, me ajudou a crescer intelectualmente. A história já está completa no Nyah Fanfiction e nesse blog vou postar aos poucos porque estou providenciando ilustrações para os capítulos.
Mas para deixar um gostinho da comunidade, vou colocar neste post a minha parte da historinha iniciada pela Joana. Para saber o contexto da história, clique aqui. Era pra ser um olhar totalmente de fora dos acontecimentos, mas o Abner me colocou nos botes junto com o pessoal... (hehehe) Mas, gostei tanto de ter escrito que não vou jogar fora. Espero que gostem também. Como o princípio para as histórias é homenagem, estou homenageando, além dos membros da comunidade, a minha melhor amiga, Fabiana.






O Peso de Uma Notícia

Romilson Silva

(romilson.silva@gmail.com)

        Quem será que pode imaginar o impacto que uma notícia ruim pode causar em uma pessoa? Quando algo de ruim acontece com alguém que se conhece, com alguém próximo, como você se sente? Como avaliar o comportamento que se demonstra diante de um fato desses? Simplesmente não há como saber. Assim como não existe uma pessoa que pensa exatamente igual à outra, como não existem duas pessoas com os mesmos olhos, com as mesmas impressões digitais, podemos concluir que não há duas pessoas que se comportam exatamente iguais em um momento assim. Foi o que pude concluir quando aconteceu comigo.
Para mim era um dia normal. Estava na frente do computador, montando minhas páginas da intranet da empresa, quando um notificador acusou três notícias novas. Até hoje não sei o que me levou a clicar no balãozinho que apareceu na tela – quase nunca faço isso. Mas sei que fui impelido a ver porque uma das notícias dizia: “Cruzeiro naufraga na costa brasileira com mil e duzentas pessoas”. Lembrei de uma coisa quando abri a notícia e eu apenas gelei. Minha pressão caiu no momento que comecei a ler as primeiras linhas do texto e tudo escureceu depois que li: “...entre os passageiros, um grupo de amigos de uma comunidade do Orkut”.


        Tenho certeza que muitas e muitas pessoas leram aquela notícia. Saiu nos jornais - em toda a mídia. E o que mais chamou a atenção da opinião pública foi justamente esse grupo de amigos, que pela internet decidiram se reunir e agendar um cruzeiro para confraternizar. Porque eu estou contando isso? Justamente porque eu também deveria estar junto desses amigos. Não fui porque em uma outra oportunidade marcamos de nos reunir no sul do país. Daquela vez eu fui, e vivemos uma experiência única. Uma grande aventura nos aguardava sem que nós soubéssemos. Era a primeira vez que muitos se viam pessoalmente – meu caso também. Naquele momento antecipei minhas férias para me juntar aos meus amigos virtuais, o que não pude fazer desta vez.


        Só sei que acordei no dia seguinte no hospital. Havia um tubinho preso no meu braço e eu estava ligado a uma máquina que marcava meus batimentos cardíacos. Logo que acordei, alguém que estava na sala veio mais pra perto de mim. Era minha melhor amiga, Fabiana, que havia faltado ao serviço pra me acompanhar. Contou que me encontraram desmaiado na minha sala – estava sozinho no momento - e imediatamente chamaram uma ambulância. Como não conseguiram entrar em contato com meus parentes, chamaram vários números no meu celular. Entre eles, o dela. Dizia ela, que ainda havia mais três amigos meus aguardando na sala de espera, mas somente ela teve permissão para ficar no quarto, por conta da insistência. Enquanto ela dizia isso, lágrimas começaram a cair dos meus olhos. Nesse momento não pensei mais nada além de agradecer a Deus por ter uma amiga como ela. Estava muito feliz por ter outros amigos por perto, mas eu e ela temos uma ligação especial. Em toda a minha vida, sei que ela é a única pessoa que posso confiar cegamente e desde que nos conhecemos, ela sempre esteve do meu lado, até mesmo em momentos que outras pessoas me dariam as costas. Por essas e outras que sempre serei um fiel amigo dela.


        Não conversamos muito naquele quarto; passamos a maior parte do tempo calados, nos entendendo com olhares. Eu, muito agradecido pela ajuda dela, e ela, preocupada com minha saúde. Algum tempo depois, chega uma enfermeira. Não demorei a perguntar o que aconteceu comigo. Disse ela que entrei em estado de choque e quase tive uma parada cardíaca. Disse ainda que meus colegas não demoraram a chamar uma ambulância – o que ajudou muito. Graças à medicação ministrada no momento certo, ainda posso viver mais um pouco. Mas ambas viram que eu ainda estava perturbado. Não sabiam o que era. Perguntaram mas eu não quis dizer. Ainda tenho esse defeito: guardar muita coisa comigo.


        Ainda fiquei mais um dia para observação. Chamaram minha mãe, minha avó, meu pai e outros parentes. Aos poucos eles me visitaram. Como sempre acontecia quando nos encontrávamos, eles reclamaram por eu não os visitar e nem dar notícias. E eu, tentando enganar, dizia que era por causa do trabalho, que me tomava muito tempo. Coisas de família.


        Quando saí do hospital, ainda era acompanhado pela Fabiana. A mãe dela nos esperava no carro e elas me levaram para casa. No caminho não consegui segurar o que estava no meu peito e contei o motivo do meu desmaio. Disse o quanto eu gosto daquelas pessoas da comunidade, o que significam para mim. Era meu dever, como amigo deles, que eu estivesse lá para ajudar. Mas logo Dona Silvia, sábia como sempre, perguntou: “- Mas se você morresse?”. Respondi que não havia pensado nisso. Coisa que sempre evito é pensar na morte, justamente por que não quero morrer. Em minhas orações, as poucas que fiz, dizia a Deus que gostaria de viver até cem anos, ou se possível até ver minha cidade natal completar os cem anos dela. Pensar que, entre outras coisas, não poder mais ver uma manhã de sol, ver as estrelas numa bela noite, ouvir os pássaros em um balé de revoada ou brincar com um cachorro vira-latas me deixa deprimido. Eu disse ainda que não pensei se era pra estar feliz ou não. Contei que, na outra vez, eu conheci realmente aquelas pessoas e passei a gostar ainda mais delas. Que agora elas estão em algum lugar, ou perdidas, ou algo pior, porque até então ninguém sabia do paradeiro delas. Mas aí minha amiga, que estava ao meu lado, disse: “- Mas eu preciso de você aqui”, e quando ela disse isso, eu comecei a chorar de novo. Não sei dizer o que senti, só sei que era tudo que não esperava ouvir. Enquanto chorava, ela dizia como eu era importante na vida dela, o que eu significava para ela. Eu, meio que engasgando, tentava dizer o mesmo dela. Sempre agradeci, e sempre vou agradecer a Deus por ter colocado aquela pessoa no meu caminho.


        Nos dias seguintes, vivia procurando por sobreviventes nas notícias dos jornais. Esses dias se seguiram por semanas e semanas. Até que em uma tarde, li na internet que encontraram restos do navio daquele cruzeiro. Não encontraram corpos porque se passaram muito tempo – o que me deixou mais aflito ainda. Entregaram documentos e pertences a parentes de pessoas que estavam a bordo; mas notícias dos meus amigos narnianos, nada. Na comunidade, aqueles que não tinham ido, estavam em uma situação semelhante à minha.


        Já havia retornado à minha rotina quando cheguei para trabalhar numa manhã de chuva. Liguei o computador, como sempre faço, e a primeira coisa que vi, depois que o sistema entrou, foi aquele mesmo notificador, agora dando uma outra notícia: “Encontrados sobreviventes de cruzeiro”. Em meus pensamentos pedi que fossem os membros da comunidade do Orkut. Para minha felicidade eram eles. Dizia a notícia que foram encontrados sãos e salvos numa ilha distante do local do naufrágio. Estavam poucos feridos e muitos reclamavam saudades da família. Chorei quando li essa notícia. Estava escrito que eles desembarcariam no dia seguinte no Rio de Janeiro, depois de uma longa viagem de resgate. Não pensei duas vezes. Pesquisei onde seria o lugar do desembarque, pedi uma licença ao meu patrão, e pela internet comprei uma passagem de avião para o Rio. Dessa vez eu iria vê-los; seria mais um a estar lá para recepcioná-los. Isso eu não perderia por nada.





Pois é. Foi um exercício maravilhoso escrever esse conto. Esse é outro ponto interessante na minha vida: Preciso gostar mais do que escrevo. Antigamente não gostava – jogava muita coisa escrita por mim fora, mas aí uma professora apareceu na minha vida e me fez gostar daquilo que sai da minha mente. Nunca vou esquecer o que a professora Érica fez por mim. Graças à ela, renovei meus olhos para a Literatura.

É isso.


Música da Vez:

Vou aproveitar e chutar o pau-da barraca. (no bom sentido) Joana, essa música é pra você: 2 malucos do Pato Fu. Diz muito de como gosto dos meus amigos. Seja bemvinda!!!






Verdade seja dita (ou escrita):

Deus do céu!! Como se tem notícias ruins nos jornais. Mas meu bom humor hoje não vai deixar eu reclamar de nada. Até a próxima...